Histórico
Numa noite chuvosa de setembro de 1997, dois moradores do bairro de Inhaúma decidiram pôr algumas mudas em um carrinho de mão, e em rumo pela antiga Estrada Velha da Pavuna (Atual Av. Ademar Bebiano), subiram a comunidade Sérgio Silva (Componente do Complexo do Alemão) para plantar as mudas de Mata Atlântica na área verde da Serra numa localidade que mais tarde o grupo passou a chamar de Praça do Meio.
No dia seguinte acontecia o que consideramos a 1° reunião do grupo quando algumas pessoas sabendo do fato da noite anterior encontraram-se na casa de um desses moradores para conversarem sobre que atividades poderiam promover na comunidade Sérgio Silva com vistas a conservar a peculiaridade ambiental do local.
Em 1998 o grupo deslanchou promovendo uma série de atividades com a participação da comunidade: foram organizados dois plantios de mudas e quatro festas. Esses encontros foram feitos com o intuito de atrair moradores da comunidade para participarem do grupo e conscientizá-los da importância da recuperação ambiental da Serra da Misericórdia para a melhoria da qualidade de vida local.
Em 1999, o grupo fez um acampamento ecológico mantendo sentinela de 24 horas por dia por mais de um mês para conter o crescimento desordenado da própria comunidade Sérgio e Silva que crescia sobre a área verde. Para obter êxito, o grupo criou no local a Horta comunitária e o Horto Chico Mendes, que hoje são projetos da ONG.
Em 1999 o grupo fez contato com a Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro buscando orientações de como proceder para evitar que a comunidade Sergio e Silva se expandisse sobre a área verde e como melhorar a atuação do grupo que desde sempre reivindica a transformação da Serra da Misericórdia em Parque Ecológico.
Através desse contato, o Verdejar articulou-se com outros grupos locais como a Bicuda Ecológica, que atua no bairro de Vila Kosmos, e o Conselho Comunitário de Saúde do Complexo do Alemão (CONSA), que atuava na comunidade Central do Alemão.
A partir dessas articulações surgiu um movimento ambiental em defesa da Serra da Misericórdia que elaborou um dossiê orientado pelo geólogo Cláudio Martins Prof. da Universidade Federal Fluminense (UFF), que entre outras coisas reivindicava a desativação de três pedreiras das que operam na Serra da Misericórdia, consideradas altamente grande poluidoras da região e a transformação dos espaços destas em um grande Parque Ecológico.
Neste mesmo ano de 1999 um grupo de grileiros de terras se apossou, ilegalmente, de um grande lote de área verde da comunidade Sérgio Silva visando criar um condomínio de classe média, após dois anos de luta o Verdejar através de sua atuação no Ministério Publico conseguiu derrubar o loteamento e autuar seus responsáveis por crime ambiental e grilagem de terras. O grupo reivindica para o local a instalação de uma lona cultural e uma praça de esportes.
Ainda em 1999 foi realizado o 1º Seminário Ecológico da Serra da Misericórdia organizado pelo movimento ambiental local. Como resultado deste seminário esse movimento ambiental teve sua primeira grande vitória, o decreto nº. 19.144 de novembro de 2000 que criou a APARU (Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana) da Serra da Misericórdia, pelo então prefeito Luis Paulo Conde.
No ano de 2001 a Verdejar em parceria com Bicuda Ecológica, Os Verdes, CEPEL (Centro de Estudos e Pesquisas da Leopoldina) e CONSA (Conselho Comunitário de Saúde do Complexo do Alemão) lançam a Carta Aberta da Serra da Misericórdia.
A partir deste ano o Verdejar passa a sentir cada vez mais a necessidade de se institucionalizar para poder captar recursos que pudessem contribuir para o desenvolvimento das ações e projetos propostos pelo grupo. E o mesmo passa a incorporar características de instituição então em 2004 é fundado o Verdejar Proteção Ambiental e Humanismo que ainda hoje mantém características de movimento comunitário e sempre buscando o aperfeiçoamento institucional.
Alguns daqueles moradores que iniciaram o movimento a mais de 15 anos atrás ainda permanecem, muitos destes fizeram suas vidas, ou melhor, criaram perspectivas para sua vida a partir dos desafios ambientais desta região. Hoje a equipe é multidisciplinar composta por graduados e graduandos e pós-graduandos em diversas áreas do conhecimento. Esse grupo vem fazendo inúmeras atividades e articulações com os mais variados atores sociais locais e “externos” ao território, no sentido de contribuir para melhoria das condições de vida através da preservação e recuperação da APARU da serra da Misericórdia, buscando contribuir para formação de uma cultura saudável, sustentável, uma cultura de paz para toda a Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.