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AGROECOLOGIA URBANA

Uma das primeiras ações do Verdejar foi a implantação de uma horta no limite da comunidade Sérgio Silva com a área verde, no bairro do Engenho da Rainha, e segundo as palavras do fundador Luiz Poeta: “ Nossa horta sempre foi Agroecológica, Agro pela produção de alimentos, e ecológica por pretender ser um limite para a expansão da comunidade”. A ideia era mostrar aos moradores que a área verde preservada poderia servir como área de lazer e produção de alimentos.Após a inserção na AARJ (Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro) em 2005, o viés agroecológico passou a fazer parte tanto nas práticas de manejo como na militância política. Utilizando estas práticas, diversificou-se a produção em nossa horta e adotaram-se as práticas agroflorestais para a recuperação de áreas degradadas.Hoje temos a Agroecologia urbana com um dos eixo de atuação da ONG.

 

Entendemos que além de ser a única área verde de uma região hiper populosa, contribuindo para a qualidade de vida da população local com os serviços ambientais, a Serra da Misericórdia também pode contribuir para a geração de renda e a segurança alimentar das comunidades do entorno.A agroecologia propõe o equilíbrio entre a restauração dos ecossistemas locais com a produção de alimentos saudáveis. Incluindo a manutenção de homens e mulheres em atividades agrícolas e valorização da cultura camponesa.A Serra da Misericórdia, como já foi dito, está encravada em meio à malha urbana carioca, sendo a maior parte dos limites cidade/áreas verdes, composta por comunidades carentes. Parte dos moradores destas comunidades tem como característica serem netos, filhos, ou propriamente imigrantes de regiões agrícolas de diferentes partes do Brasil.

 

Desta forma, acreditamos que estas características do território do entorno da Serra da misericórdia tem um imenso potencial para práticas agroflorestais.Vivenciamos hoje uma grande crise ambiental, que como sempre atinge com maior força as regiões pobres. Desta forma buscamos praticar formas de sanar diversos problemas com uma só metodologia. Os sistemas agroflorestais permitem recuperar um ecossistema gerando ainda alimento e renda, além de ser um grande chamariz para retomar o contato dos moradores com o meio natural e com suas raízes camponesas. Desta forma buscamos firmar uma relação permanente de troca entre os moradores e usuários da Serra da Misericórdia, a fim de impulsionar o desenvolvimento sustentável na região.Com o crescimento da malha urbana, a formação de megalópoles e a dificuldade de manutenção de famílias no campo, o abastecimento alimentar se encontra cada dia mais complexo e caro. Este fato fortalece somente as grandes empresas da chamada “ Revolução Verde”, ou seja, as empresas de sementes modificadas, produtoras de agrotóxicos e fertilizantes e as produtoras de tratores e maquinário agrícola.A agroecologia urbana visa reverter este paradigma de forma a construir uma relação sustentável da população urbana e seu alimento, demonstrando as diversas possibilidades de plantios em pequenos espaços, bem como seus benefícios para a saúde das pessoas.

Atualmente as discussões existentes sobre educação ambiental estão relacionadas a questões ambientais muito amplas, o que ocasiona as mais variadas preocupações de inúmeros setores da sociedade. Apesar das inúmeras abordagens existentes onde estas questões vão ser tratadas, todas as discussões apontam para a necessidade de políticas públicas de educação ambiental. Para nós do Verdejar Socioambiental, educação ambiental significa: uma prática de educação que estimule o senso crítico dos sujeitos frente aos dilemas ambientais pertinentes a região da Serra da Misericórdia e seu entorno. Não deixando de lado a perspectiva global desses problemas ressaltando a integralidade do sujeito frente ao real, isto é: nos seus aspectos ambientais, culturais, políticos e sociais.

 

No sentido de fomentar ações de intervenção pautadas na agroecologia e permacultura como eixo norteador de suas experiências e vivências. A agroecologia urbana permite o início da reconexão do ser com a natureza, trazendo para o cotidiano das pessoas as interações naturais, observando o tempo dos processos naturais, e a importância do cuidado com a terra e os vegetais para o crescimento de alimentos saudáveis e nutritivos.A Permacultura amplia esta visão, trazendo os habitantes das áreas urbanas de volta ao tempo da natureza, através da observação da mesma e aplicação de seus preceitos.

 

Aliado à tecnologia moderna podemos criar e adaptar uma infinidade de objetos, hábitos e ações potencializando-as, recriando os ciclos naturais e evitando o desperdício de recursos e energia.É também pelo viés da ecologia profunda, onde a questão cognitiva do ser humano e sua relação com o mundo natural, convergem numa concepção sistêmica, onde o ente humano e o meio ambiente se complementam como partes antagônicas de uma mesma realidade. Reflexões que sustentem esses pressupostos ideológicos estimulam nos sujeitos leituras da realidade mais aprofundadas no sentido de entender os desafios atuais frente aos paradigmas contemporâneos de nossa crise atual. Enfim sendo íntegros e plenos, temos mais condição de analisar a condição de nossas comunidades, chegando à população do planeta e enfim a todos os seres que coabitam conosco este lugar. Enfim trabalhamos a importância de cada ser humano junto com cada ser existente no planeta seja ele vivo ou não.

Educação para Sustentabilidade

Justiça Ambiental ePermacultura na favela

Nossa noção de Justiça Ambiental vem do cotidiano vivido nas favelas da cidade do Rio de Janeiro, onde não é raro ficar dias, semanas e até meses sem abastecimento de água da rede geral, ou conviver com esgoto a céu aberto e vazadouros de lixo em diversas ruas e becos. Assim como também são frequentes as quedas e interrupções de abastecimento de energia elétrica. Mais especificamente do Complexo do Alemão, onde além destas históricas violações dos direitos humanos socioambientais vividas na maioria das favelas da cidade, tem como vizinhas duas mineradoras em plena atividade: Anhanguera e Lafarge.O granito explorado por estas empresas serve como agregados de concreto para diversas obras, principalmente aquelas relacionadas aos grandes eventos em curso na cidade.

 

Sem gerar qualquer benefício social, econômico ou ambiental estas empresas têm suas licenças ambientais constantemente renovadas pelo INEA sem qualquer participação da sociedade organizada.Explosões diárias que emitem grandes nuvens de poeira com material particulado inalável na atmosfera e geram tremores de terra que deixam centenas de casas rachadas, quadras de esporte destruídas e fragilizam encostas já mapeadas pela prefeitura como áreas de risco geológico, destruição de nascentes e assoreamento de rios que compõem a Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara, supressão de áreas verdes é o legado destas empresas. Sistemática violação dos direitos humanos socioambientais sofrida diariamente por milhares de habitantes do entorno da Serra da Serra da Misericórdia.

 

Neste cenário emerge a pratica do Verdejar por Justiça Socioambiental, na perspectiva da defesa e fomento dos Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais – DESCA. Na Permacultura encontramos ferramentas pedagógicas e tecnologias de baixo custo para enfrentar estas vulnerabilidades socioambientais vividas nestas comunidades e oportunidades de geração de trabalho e renda.Realizando e/ou participando de seminários e encontros para discutir, debater e refletir o cenário das violações dos direitos humanos socioambientais ou oficinas, vivências e projetos de construções sustentáveis e gestão ambiental comunitária buscamos sensibilizar, mobilizar, informar e construir conhecimentos, possibilidades e caminhos para a melhoria das condições de vida, fortalecimento da resiliência e autonomia comunitária frente às crises socioambientais.

Cultura e Meio Ambiente

Desde seu inicio o Verdejar, sempre se pautou, por uma prática de atuação na qual a questão da cultura foi um eixo propulsor de suas ações. O “Domingo Ecológico”, se consolidou como a primeira ação de cunho cultural que visava dar visibilidade para a causamisericordiana. Seu objetivo era informar aos moradores do entorno da área de recuperação da vertente Engenho da Rainha, para a importância de uma área verde através da música e do teatro como ferramenta de disseminação da questão ambiental local. No âmbito de nossas práticas efetivamos também um trabalho de levantamento de espécies vegetais, onde catalogamos espécies medicinais com significativa relevância no que diz respeito a tratamentos preventivos e também pela sua valorização cultural como instrumento de catalisação de saberes tradicionais, a partir de vivências e trocas de experiência com grupos que efetuam trabalhos correlatos e nesse sentido, fortalecendo em padrão de rede; um movimento que visa suscitar a devida importância para os usos dessas plantas como instrumento de resistência de saberes tidos como não científicos e por isso não valorizados da forma devida como expressão da cultura.

 

Outra ação que merece destaque e que desde 2005 se inseriu em nossas práticas definitivamente, foi o “Mutirão Agroecologico”, seu objetivo primeiro; é disseminar a prática da agroecologia e permacultura em ambientes urbanos degradados. Funciona como uma ferramenta de replicação de tecnologias de baixo custo. Nosso mutirão é um espaço de trocas e experiências mensais onde pessoas dos mais variados lugares se aproximam para conhecer as inúmeras possibilidades no trato de ambientes degradados e suas possíveis soluções de recuperação; mostrando que a inventividade humana é capaz de façanhas das mais extraordinárias quando estas assumem o devido compromisso frente aos dilemas de nosso tempo. Como é de praxe uma atividade cultural sempre faz parte da abertura de nossos trabalhos podendo ser desde uma intervenção teatral a apresentação de um filme seguido de debates o visa suscitar nas pessoas uma percepção crítico-análitica das questões ambientais referente a realidade misericordiana.

 

O evento Verdejar de Natal faz parte do calendário festivo da instituição desde 1999, e nesta atividade efetivamos junto com a comunidade, ações que visem não só celebrar a data em questão, mas também ressaltar a importância da colaboração e da solidariedade entre as pessoas. Seu ponto culminante é a chegada do papai Noel, seguida de oficinas de feitura de brinquedos produzidos com material reciclável. Pinturas faciais e muitas brincadeiras compõem a festa. Este Grupo de trabalho nasce da necessidade institucional de pensar, planejar e executar ações socioambientais e culturais nas comunidades do entorno da Serra da Misericórdia.Através de metodologia participativa com as comunidades, instituições parceiras e redes.

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